sexta-feira, 30 de julho de 2010

Solução

2010 tem sido um ano negro. Não que a vida me esteja a correr mal, corre serenamente como sempre. Mas tem sido um ano de wake up call. Várias pessoas desapareceram fisicamente da minha vida, duas delas tiveram um forte impacto naquilo que sou hoje.

Num dia em que só se fala da morte do actor e encenador António Feio, relembro essas pessoas que partiram. Talvez por ter sido pelo mesmo motivo.

Dizer: "custa, mas já se estava à espera" não chega. A dor é grande demais, seja qual for a idade ou a circunstância. Mesmo que a distância tenha marcado uma relação, a morte é definitiva.

No velório e funeral da minha avó pensei muito, mas de forma prática. Não vale a pena querer fazer tudo, ser a melhor em..., preocupar-nos com os problemas em demasia... Eles existem, e nós temos objectivos de vida, vontades... mas para tudo há solução. Menos para a morte.

"Carpe diem" é mais um cliché, e talvez por isso tenha perdido importância, mas temos que mudar isso. Não basta ser positivo, ainda que ajude, não é garantia. Mas será que vale a pena perder o meu tempo a pensar naquilo que não consigo fazer, nas pessoas que não gostam de mim, nas dores de cabeça da vida? Se calhar não...

Não estou com isto a querer dizer que nos devemos desleixar para a vida! NADA DISSO! Digo apenas que devemos aceitar os problemas que vão surgindo de uma forma serena, procurando soluções, mas sem descurar o que é mais importante.

Voltando ao caso da pessoa que me era mais próxima, a minha avó. A doença não tinha solução, no sentido em que não havia esperanças de cura. Mas havia uma solução, proporcionar o maior conforto possível. O mais importante: dar-lhe carinho, desde palavras de incentivo a uma festinha na mão nas últimas horas.

O choque depois da morte (sobretudo quando as pessoas desaparecem de um momento para o outro) é tremendo, mas a dor é pior. E não vale a pena repeli-la. Temos que aceitar a dor, ainda que durante um tempo nos deite abaixo. Porque aceitar é meio caminho para seguir em frente.

Esta dor é a única a que não conseguimos nos escapar, e para a qual não há solução. Vai estar sempre presente.

1 comentário:

  1. Eu, felizmente, ainda não passei pela perda de um ente querido. E honestamente, não me sinto minimamente preparada.

    Sei que a todos acontece eventualmente e que não devemos fazer grande drama sobre essa condição humana inevitável, mas tenho em crer que será algo que me irá devastar de forma profunda.

    Mas sim! Concordo contigo! Há que retirar o melhor que temos na vida e acima de tudo vivê-la!

    Se há coisa garantida, é que ninguém cá fica para contar a história, por isso mais vale gozar a história e levá-la connosco!

    Tem um bom dia!

    Beijos GALÁCTICOS!

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